Pérfida como a vaga

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Ela é o Amor, ela é a Maravilha:
Quem a vê, ouve a música de um canto;
E sente a um tempo um tal terror e espanto,
Que já não sabe mais por onde trilha.

Abraça-a a luz, que em torno lhe fervilha...
Asas baixas, a um lado, o Anjo do Pranto
Condoer-se dela ali parece entanto:
 Vênus com um riso mau a olhá-lo, o humilha.

Ela, num abandono de rainha,
Languidamente ao céu azul caminha,
Levando aos pés o universo em queixa.

Tudo prostra num olhar voluptuoso:
Cria o desejo, e o ardor de tê-la, e o gozo...
O gozo vão de amá-la, é só que deixa.