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SENHORAS
2 Não, mas a briga tambem
De arrufos não passará;
Isso mesmo a quem bem ama
O amor mais firmará.
3 Como a preguiça no matto
A duro tronco agarrada,
Assim vivereis com elle
P'ra que não tenha outra amada.
4 Ha de ser, e porque não?
Tem para isso razão,
Se elle tem de vosso amor
O penhor em sua mão.
5 Como o mar e como a arêa,
Como o vento, como o fumo;
Tambem vosso coração
Cada dia tem um rumo.
6 Ser constante com mulheres
E' dar o que ellas não dão;
E o tal Beltrão que vos ama
Também ama o vosso cão!
7 Não; jurou ser mui constante,
Mas ha de a jura quebrar,
Quando com desconfianças
Comvosco senhora, entrar.
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HOMENS
2 Emquanto não acha outro
Mais bello e de mais recheio,
Servis a ella, mais sois
Na verdade muito feio!
3 Ha de ser! Oh que esperança
Não tem este maganão!
Querer que a tal namorada
Seja do sexo excepção.
4 Pateta! E pensando nisso
A outras mil desprezais,
Não vêdes que a desprezando
Amar-vos-ha ella mais ?
5 Como? Pois sois inconstante
Como ninguem aqui ha,
E quereis achar constancia?
Ora, essa não é má!
6 Ella? que triste loucura,
Que damnada pretenção!
Mulher que tenha constancia
Será de nova invenção.
7 Todo tolo que namora
Deve máo fim esperar,
Por isso em sua constancia,
Ah! não vos deveis fiar.
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SENHORAS
8 Ha de ser; e porque não ?
Captivaste com olhar,
Aquelle brioso peito,
Sabêl-o-heis conservar.
9 E' um tolo e tem juizo
Sómente porque é rico.
Constancia? Chorai por ella!
Que a não tem tal Ticotico!
10 Ha de ser quando já velho,
Que ninguém lhe queira bem,
Que agora até quitandeiras
Para namoradas tem.
11 Tanto como vós sereis,
Isto é, cousa nenhuma;
Elle bem morre por outra
D'uma chac'ra de Inhaúma.
12 Não, senhora, elle só cuida
Nas suas covas de mandioca,
Se tem constancia é áquella
Que lá lhe vende pipocas.
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HOMENS
8 Namorais sem saber como,
E quereis constancia achar?
Isso tudo é parvoice,
Muito caro haveis pagar!
9 Não; e causa disso tudo
Ha de ser uma yayá;
Mas ella, bella e formosa,
Constante nunca será.
10 O vosso mui predilecto
Que tão risonho está aqui,
Morre por uma carcassa
Que mora no Catumby.
11 Borboleta, ella voltou se
Para vós que sois qual flôr,
Mas ha de ser sempre varia
No seu inconstante amor.
12 Constante emquanto puder,
E pedir-lhe o coração;
Se não fôrdes inconstante
Não temais variação.
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