Palinuro Sagrado, oh, como absorto

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Palinuro Sagrado, oh, como absorto
Ao ver-vos fica o meu batel por certo!
Meu náufrago batel, que sábio e esperto
Vindes guiar da salvação ao porto.

De mim se apossa um divinal conforto
Á proporção que vos chegais mais perto;
Vós dourais da existência o fio incerto,
Vós arrancais da fria campa um morto.

Imagem do meu Deus, ministro augusto,
Tanto ímpio quebranta a vossa vinda,
Quanto conforta e fortalece o justo.

Minha interna aflição convosco finda,
Já o transe final me não dá susto;
Graças, graças aos céus! Não morro ainda.

Poema dedicado ao seu Confessor da Inquisição, aquando do seu encarceramento em 1803, na Cadeia do Limoeiro.