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Pintura de uma dama conserveira

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No doce ofício Amarilis
Doce amor causando em mim,
Seja a pintura de doces;
Doce aveia corra aqui.

Capela de ovos se adverte
A cabeça em seu matiz,
Fios de ovos os seus fios,
Capela a cabeça vi.

A testa, que docemente
Ostenta brancuras mil,
Sendo manjar de Cupido,
Manjar branco a presumi.

Os olhos, que são de luzes
Primogênitos gentis,
São dois morgados de amor,
Donde alimentos pedi.

Fermosamente aguilenho
(Ai que nele me perdi!)
Bem feita lasca de alcorça
Parece o branco nariz.

Maçapão rosado vejo
Em seu rosto de carmim,
Nas maçãs o maçapão,
No rosto o rosado diz.

Entre os séculos da boca,
(Purpúrea inveja de Abril)
Em conserva de mil gostos
Partidas ginjas comi.

Os brancos dentes, que exalam
Melhor cheiro que âmbar-gris,
Parecem brancas pastilhas
Em bolsinhas carmesins.

Com torneados candores
(Deixemos velhos marfins)
Toda feita diagargante
Vejo a garganta gentil.

Os sempre cândidos peitos,
Que escondem leite nutriz,
Se não são bolas de neve,
São bolos de leite, sim.

As mãos em palmas, e dedos,
Se em bolos falo, adverti.
Entre dois bolos de açúcar
Dez pedaços de alfenim.

Perdoai, Fábio, dizia,
Que no retrato, que fiz,
Fui Poeta de água doce
Quando no Pindo bebi.