Poesia (Cruz e Sousa)
C'est la musique la poesie de l’âme;
et la gloire est Dieu, ce sont les
deux choses les plus charmantes, les
plus belles, les plus grandes de la vie!
(Do Autor)
Da música escutando preclaras harmonias
Vendo em cada lábio brilhar ledo sorriso
Vendo luz e flores e tanto entusiasmo
Julguei-me transportado ao célico Paraíso!
Foi sonho na verdade — mas hoje realizado
Vos dá, distintos sócios, venturas mais de mil,
A vós que à frente tendo Penedo, grande, forte,
Subis, alistridente, qual ave mais gasil!
E quando executais as vossas belas peças
As notas quais gemidos vagam n’amplidão
Parece que o infinito derrama sobre vós
Centelhas sublimadas só d’inspiração!
Da arte de Mozart vós sois grandes romeiros
Lutais como nas vagas o triste palinuro,
Os olhos tendes fitos na glória que dá brilho
No livro tricolor e ovante do futuro!
Hoje que os sorrisos assomam em vossos lábios
Que da “Guarani” alçais áureo pendão,
Eu humilde e fraco — com flores inodoras
Somente aqui vos venho fazer uma ovação!
Quando há só coragem, força, intrepidez
Quando se alimenta no peito divo ardor,
O homem não recua, caminha p’ro progresso
Co’a fronte sempre erguida, sem ter menor temor,
Sem ter algum trabalho jamais s’alcança trono
Sem ter valor e força jamais se tem lauréis
P’ra vossa grande glória, além do grã futuro
Deus já tem erectos milhares de docéis!
Mas dentre vós vulto sereno se destaca
Qual Rodes portentoso, imenso, verdadeiro
Que nunca recuou sequer um só momento
Que sempre em trabalhar foi pronto companheiro!
E este vosso sócio, digno diretor
Que forte não pensou jamais em recuar!
É José Gonçalves — águia valorosa
A quem, altivamente, eu ouso aqui louvar!
Vencendo mil tropeços, altiva os derribando
A bela “Guarani” se mostra triunfante
Foi como esses heróis — na mão sustenta o gládio
— O gládio da vitória serena e radiante!
Portanto erguei ridente a fronte ao infinito!
Erguei ó grandes bravos a fronte toda luz!
Eis, a senda é bela, sublime, é grandiosa
Avante pois ness’arte, avante, avante, sus!
E agora concluindo palavras pobrezinhas
Que eu pronunciar humilde vim aqui,
Saúdo fervoroso — do imo de minh’alma
A essa tão gentil, simpática “Guarani”!