Poesias offerecidas ás senhoras Portuenses/Na vinda de S. M. ao Porto

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Na vinda de sua magestade a snr.a D. Maria II a' cidade do Porto, em 29 d'abril de 1852
 

Vinde, augusta soberana,
A tão heroica cidade,
Sim, vinde, de vos dimana
A nossa felicidade:
Oh! tal honra já tardava,
E o coração murmurava;
Oh! ter-se-ha olvidado
Destes sitios decantados,
Onde foram conquistados
A C'roa sua, e reinado?

Onde um Heroe denodado,
Intrépido combateu,
E que tanto nos ha amado !
Pois aqui tanto soffreu.
Lá outr'ora sitiada.
Opprimida, bombeada
Esta briosa cidade,
Que mer'ceu o coração,
Que o bom Rei, por affeição,
Lhe offertou com amisade.

Lá do grande Pedro a Filha,
Oh! nunca nos olvidou,
Em sua alma inda brilha
A virtude, que exallou,
Alta Maria primeira;
Esta de tudo é herdeira,
Justiça philantropia,
De novo n'ella apparece,
Oxalá, que sempre houvesse,
Ditosa paz, harmonia.

Qual a Aurora, pura, e linda,
Vem as trevas affastar,
Fez assim a vossa vinda
As dissensões terminar:
As ideas se unirão,
Vossos subditos dirão :
Oh! todos nos dediquemos
A servir só a Sob'rana,
Ditosos então seremos,
Que do throno o bem dimana.

E' dever do cidadão,
Ser fiel sempre ao seu Rei,
Desprezar a sedição,
E seguir a sua lei:
Pelo Céo o throno é dado,

Pelo Céo abençoado,
E só quando a Deus apraz
E' que os Sob'ranos fulmina;
E quem taes mudanças faz,
E as dynastias termina.

Bem vinda ao Porto sejaes,
Das Sob'ranas a mais digna,
Caridosa, tão benigna.
Oh quanto nos penhoraes!
Vossos subditos amáes,
Qual uma mãe carinhosa,
Indulgente, piedosa,
Prompta sempre a perdoar,
Ninguem quer sacrificar,
Jámais s'encontrou irosa.