Primeira carta apologetica, em favor, e defensa das mulheres
Primeira carta
Apologetica,
Em favor, e defensa
das mulheres,
Escrita por Dona
Gertrudes
Margarida de Jesus,
ao irmaõ amador
do Dezengano,
Com a qual deſtroe toda a fabrica do ſeu
Eſpelho Critico.
Esta página contém uma imagem. É necessário extraí-la e inserir o novo arquivo no lugar deste aviso.
Lisboa:
Na Officina de Franciſco Borges de Souſa
Anno de 1761.
Com todas as licenças neceſſarias.
Primeira carta.
Apologetica.
Cariſſimo Irmaõ, he a defenſa taõ natural em todo o género de individuo, que ainda o mais vil inſecto, quando ſe vê offendido, procura, pelo modo que lhe he poſſivel, deſaggravar-ſe. Trilha o arrogante leaõ a humilde formiga , eſta logo abrindo a garra , com ella imagina deſpicar-ſe: Aſſim eu agora em defenſa do meu ſexo, quando me vejo inſultada, procuro a deſenfa com as meſmas armas, com que me vejo offendida.
Se as offenſas, que V.C. incita nos defeitos, que quer moſtrar na lente do ſeu Eſpelho Critico, diſſeſſem ſó reſpeito á minha peſſoa , pouco, ou nenhum caſo faria eu delias ; pois ja de antemão ſ prevenida a fazer menos apreço dos impropérios dos homens ; em cujos termos ſempre me lembro do que refere Policrato , que injuriando hum homem a outro, diſſe o injuriado: Dize o que quizeres , que eu tenho mandado aos ouvidos, que ouçaõ á lingua ,que cale; e ao animo, que eſteja quieto: Mas como ſaõ em dezabono de todo o meu ſexo , indiſpenſavelmente me vejo precizada a defendê lo.
He certo, que os homens nem ſempre fallaõ apoyados na razaõ; pois ententando dizerem mais haja, ou naõ haja razaõ , ſempre vaõ atraz de ſuas inordenadas paixoens. Eu me explico com o apologo , que ſucedeo ao cordeirinho com om lobo. Dizem que tinhaõ eſtes feito tregoas por certo tempo, e antes que eſtas ſe findaſſem, ſe encontraraõ ambos bebendo em hum regato. Dezejava o perverſo lobo quebrar as tregoas, e devorar o cordeirinho , e para formalizar a contenda lhe diſſe muito ſanhudo : Para que me turvas a agoa , que eſtou bebendo ? Reſpondeo o cordeirinho : Senhor lobo, como poſſo eu turbar a V. M. a agoa , ſe ella traz de lá a torrente , e eu eſtou cá mais abaxo. Enfadou-ſe o lobo com a evidencia da ſatisfaçaõ , que era mais clara que a meſma agoa; e replicou aſſim: Pois ſe naõ ma turvas agora , lembrado eſtou muito bem , que ma turvaſtes o anno paſſado. Veja V. M. ſenhor lobo, (tornou o cordeirinho) que iſſo naõ póde ſer; por quanto eu tenho muy poucos mexes de idade, e ainda naõ era naſcido o anno paſſado. Entaõ o lobo, naõ attendendo á razaõ, ſe tornou em colera, e diſſe: Pois ſenaõ foſſes tu , ſeria o carneiro teu pay , e logo remetendo a elle, o levou nos dentes. Iſto quaſi he o meſmo, que pratica a maledicencia dos homens, e o que ſe vê no ſeu Eſpepelho Critico: buſcaõ o crime na innocencia, e como o naõ achaõ, arrebataõ por força , o que naõ podem levar pela razaõ.
Eu lhe torno a affirmar , amado Irmaõ , que nunca os louvores dos homens me vangloriaraõ, como também nunca impropérios deſſes, a quem V. C. chama Grandes homens, grandes ſabios , e grandes Filozofos, me moleſtaraõ. Que razaõ terey eu para me reſentir delles quando vejo a hum Favonio louvar as febres quartans ? A Syrencio a calva ! A Policartes os ratos ! A Luiz Wilichio of gafanhotos! A Betubo os moſquitos! A Miguel Pſello as pulgas! E até o nada louvou André Amnonio!
Pittaco, (a quem V. C. chamará eloquente) empregou tojo o ſeu eſpirito, e fez hum volume dos louvores da mó da atafona, ſendo ella huma couſa bem toſca , bem groſſeira , e bem indigna de ſe gaſtar o tempo em a louvar! Chryſippo fez hum tratado em louvor da couve ! Phanias outro em louvor da urtiga ! E Marciano outro louvando o rabaõm ! Ora veja V. C. ſe aſſim como lhes deo para elogiaum couſas taõ vis, e baixas, e em que ſe davaõ taõ poucos motivos para os louvores ; ſe deſſem em engrandecer as mulheres , que diriaõ! O certo he, que o animo depravado, quando ſe expõem a mal dizer, naõ buſca razaõ para apoyar ſua malícia , pois naõ pôde haver razaõ em que a funde.
Eu tenho por evidente, que aquelles,que com mais frequência, e fealdade pintaõ os defeitos das mulheres, ſaõ os que mais ſolicitos , e cuidadozos idolatraõ o meſmo que offendem. Veja Euripides, com quem V. C. nos argumenta: Foy eſte homem em ſummo maldizente das mulheres em quantas tragedias fez; e ſegundo Atheneo, era amantiſſimo dellas no particular, deforte que maldizia-as na praça, e adorava-as em caſa. Bocacio foy extremoſamente liviano, ao meſmo paſſo que eſcreveo contra ellas a violenta ſatyra , que intitulou : Labyrintho do Amor. E que ſerá iſto Cariſſimo Irmaõ? Será acaſo que com a ficção de ſer deſte dictame, occultar ſua péſſima inclinaçaõ? Será, que ha homem taõ malevolo, que diz, que huma mulher naõ he bõa, ſó porque ella naõ quiz ſer má: e aſſim deſaffoga ſua execranda paixaõ em atrozes vinganças, abominaveis improperios, e em injuriosos teſtemunhos. Naõ digo iſto ſem muita reflexaõ; e ſe quer ver a confirmaçaõ deſta verdade, lembre-ſe do laſtimoſo ſuceſſo da formoſa, e diſcreta Holandeza Madama Duglás, contra a qual irritado Guilherme Leout, por ella naõ querer condeſcender com ſua pravidade, chegou eſte homem a acuſá-la do nefando crime de leza Magestade, e provando-lhe o delicto com teſtimunhas falſas, e ſubordinadas a fez condear á morte. Deſte genero ſaõ as mais das verdades, que contra as miſeraveis ſe dizem.
Dirá V. C. que o meu argumento ſó convenceria , ſe acaſo hum, ou outro homem foſſe o que diſſeſſe mal das mulheres , mas que aſſeverando o a mayor , e a melhor parte delles, he certo, que nem todos podem ſer máos ; nem as mulheres bôas. Ora permitta-me ( que he o que baila para V. C.) que eu lhe reſponda com a hiſtoria , que traz Carduzio nos ſeus Diálogos acerca da pintura, foy o caſo: Hiaõ de jornada hum homem , e hum leaõ , e diſputando ambos ſe os homens , ou os leoens eraõ mais valorozos , cada qual dava vantajem a ſua eſpecie : chegando por fim a huma fonte , que eſtava guarnecida de jaipes , e de mármores lavrados, advirtio o homem , que entre eſtes ſe divizava a figura de hum homem do meſmo mármore deſpedaçando hum leaõ: entaõ voltando para ſeu competidor , como quem tinha achado contra elle hum concludente argumento lhe diſſe: Agora te acabarás de dezenganar , que os homens ſaõ mais valentes que os leoens, vendo render a vida aquelle leaõ ás mãos de hum homem. Bello argumento me trazes, (reſpondeo o leaõ zombando) ſe outro homem naõ fizera eſta eſtatua : eu te juro, que ſe um leaõ a fabricara, tu a verias abſolutamente pelo contrario. Agora applique V. C. a moralidade, que eſtá bem clara.
Como porèm V* C no ſeu decantado Eſpelho ſó faz mençaõ com eſpecialidade de três defeitos, que diz ſerem Ignorância, Variedade, ou Inconſtancia , e Formozura pelo damno , que cauſa, vejo-me obrigada a deixar eſtas generalidades, e reſponder a cada hum delles em particular. Farey por me explicar, e por convenc-êlo.
NAõ quero (Cariſſimo Irmaõ) lembrar a V.C a nenhuma frequência, que as mulheres tem das Cortes , das Aulas, e das Univerſidades, que he aonde ſe avultaõ as letras , e apuraõ , os engenhos, couſa que ſendo aos homens taõ frequente , he rariſſimo aquelle que admira. De mil, que frequentaõ as Aulas, e as Univerſidades apenas ſe encontra hum ,
ou outro, que faça admiração aos mais ; quando certamente me perſuado, que ſe ás mulheres foſſe permettida eſta liberdade , ſeria a mayor parte dellas ſapientiſſimas; pois vemos terem havido muitas de taõ alta compreheçaõ, e engenho, que ainda ſem Meſtres, e ſem exercício, tem feito admiráveis progreſſos, aſſim nas letras , como nas manufacturas. E para que ſenaõ duvide deſte acerto , eu exponho algumas , entre as muitas, que podem abonar eſta verdade. Ora vá ouvindo.
Margarida, Rainha de Navarra, amou ſummamente as letras , e os Sabios : foy taõ ínſtruida , que compôs muitos papeis, tanto em proza , como em verſo ; entre os quaes he bem conhecido , o que deo ao prélo com o titulo: Novellas da Rainha de Navarra; Obra certamente de admiravel engenho.
Amalthea apreſentou a Tarquino Soberbo nove livros compoſtos por ella , ſobre os deſtinos de Roma , os quaes foraõ taõ reſpeitados, e tidos pelos Romanos em tanta veneraçaõ , que ſe crearaõ dous Magiſtrados unicamente deſtinados para os conſultar nos caſos mais extraordinários.
Margarida de França, Duqueza de Berry, e de Saboya , filha de ElRey Franciſco o I. aprendeo o Grego, e Latim, com taõ eſtranha vivacidade , que mereceo ſer declarada Protectora das Sciencias , e dos Sabios; grangeou numa gloria immortal por ſua grande piedade, e bondade, e pelas belas qualidades, com que ſua ſabedoria , e capacidade ſe fazia a todos recommendavel , deſorte que os ſeus vaſſallos a denominavaõ : Mãy dos Povos.
Lucrecia Marinella , Dama Veneziana, foy de hum incomparavel juizo , de quem ha muitas, e admiraveis obras ; e entre ellas hum tratado , em que diſcretamente moſtra o ſexo femenino leva vantajem ao do homem. Peço a V. C. o queira ver, e ſe o naõ tem , como me perſuado , eu lho remetterey, que o tenho em meu puder, e ſe ignora o idioma Italiano, em que ella o eſcreveo , procure-me , que eu lho farey entender.
Izabel Sofia Cheron, foy celeberrima na Musica, Poezia, e pintura, foy filha de Henrique Cheron, natural de Paris; elle era proteſtante; ella porem (que niſto muito mais moſlrou ler lábia) ſendo de pequena inſtruida na meſma ſeita , veyo a renunciliá-la eſpontaneamente, e abraçar a verdadeira Religiaõ. Monſieur de Brun aſſociou pela ſua alta capacidade , á Academia Real da pintura, e eſcultura : Ella aprendeo Hcbreo , para mais tacilmente entender o ſentido dos Pſalmos, e dos Canticos que ella quiz traduzir. Morreo no anno de 1711. Deixou huma obra ſua, que continha os Pſalmos , e Cânticos em elegante verſo, enriquecidos com admiráveis figuras. O Cântico de Habacuc , e o Pſalmo 133 traduzidos em verſo Francez, com eſtampas taõ vivas, que davaõ baſtante idèa da matéria; e outras infinitas peças de Poezia , que todas davaõ a conhecer ſua Authora , e ſeu raro engenho.
Anna Maria de Sehurman de Colonia, foy de taõ paſmoza indole, que de ſeis annos fazia figuras, debuxos, e deliniamentos admiráveis, ſem mais Meſtre, que a própria curiozidade. De dez annos aprendeo a bordar no tempo de três horas. Applicou ſe á Muzica, pintura, e eſcultura , em que fez os mais eſtupendos progreſſos. Vendo nella ſeu Pay taõ raro engenho lhe mandou enſinar as bellas letras : Aprendeo , e ſoube perfeitamente os idiomas, Latino, Grego, Hebraico, e as linguas Orientaes, que tem correlação com a Hebrea. Paliava como nacional o Francez , o Italiano, e o Inglez. Aprendeo também Geografia , Filozofia , Mathematica, e Teologia. Deixou entre muitas obras ſuas hua Diſſertaçaõ em Latim , na qual diſputa eſta queſtaõ . Se he licito as mulheres applicar-ſe às letras ? A qual rezolve com elegante eſtylo , e ſubtil engenho.
Julgo que V. C. á viſta da prezente Relação eſtará ſorprendido; e também, que lhe eſtou ouvindo pedir della certidão : Porèm naõ fique com eſſe eſcrupulo; pois ſe quer achar de tudo iſlo a verdade conſulte a Monſieur Abbade Ladvocat (Author de toda a veneraçaõ, e verdade) no ſeu Diſcionano hiſtorico , e nelle naõ ſó achara as de que faço menção, mas muitas mais, que, por naõ fazer-me faſtidioza, omitto: E aſſim ſeja baſtante o que fica dito em reſpoſta ao primeiro defeito : agora paſſo ao ſegundo, que he
COnfeſſo que he voz cõmuniſſima, que as mulheres ſaõ inconſtantes; como ſe eſſe achaque foſſe ſó próprio nellas , e ſe naõ achaſſe em muitos homens ! Eu naõ quero eximir todas ; mas o certo he que quazi tudo, quanto dellas ſe diz, coſtuma ſer menos verdade, e fundamentado ſó na perverſidade dos homens , dos quaes neſſe ponto pudera moſtrar milhares de exemplos bem contra elles; porèm como eſta minha Carta ſó he dirigida a defender-me , e naõ a offender, daquella, e naõ deſta, unicamente trato.
Parece indubitavel , que ſe as mulheres abſolutamente foſſem varias , inſtaveis , e inconſtantes , bem deſneceſſario era aos Magos buſcarem remédios , e encantamentos para lhes abrirem o peito , e ſaberem dellas pela magica, o que dellas naõ podem alcançar, nem com rigores, nem com affagos : por eſta cauſa entenderaõ, e diſſeraõ que o coraçaõ de certa ave , e a lingua de certa ſavandija applicada ao peito da mulher era admirável para conſeguir eſte fim. Que he iſto homens? Naõ dizeis vós, que fomos inconſtantes ? Pois valei-vos deſſa meſma variedade para ſatisfaçaõ do que inventais e deixay , eſſes encantamentos , que ſaõ de cuſto, e perigozos. Deſengane-ſe finalmente V. C., e ſaiba que nem tudo o que ſe diz he certo : lembre-ſe da Infanta de Ungria D. Izabel, (irmaã de D. Violante , avó da noſſa Santa Izabel Rainha de Portugal) foy ella caſada com Ludovico Landgrave de Haſia, e Turingia, amavaõ ſe taõ fortemente, que pareciaõ ambos hum coração , e huma alma ; ſuecedendo porém roubar a morte a Ludovico a vida , foy tanta a conſtancia deita Princeza, que fez admiração a toda a Corte ; e para ſatisfazer aos reparos dos vaſſallos diſſe aſſim : A nenhuma diligencia perdoei para que meu marido viveſſe : porém , viſto que morreo, porque Deos Senhor N. aſſim foy ſervido , nem hum ſó cabello da cabeça darey para que reviva Notavel conſtancia de animo por certo ! Incomparavel conformidade com o beneplacito Divino !
Eu deixo em ſilencio huma Marianne; huma Natália; huma Chriſtina: naõ faço mençaõ das Semiramis, das Zenobias; das Arrias ; das Thomiris , e Artemizas , e de outras muitas, que a referir todas nunca acabaria ; concluhirey porém eſta minha carta fazendo unicamente mençaõ de Damo filha de Pithagoras. Achava-ſe eſte Filozofo nos últimos períodos da vida , e entregando a Damo ſeus eſcritos todos , em que ſe continhaõ os mais reconditos myſterios da ſua Filozofia , dando-lhe com elles também ordem que nunca jamais os publicaſſe , nem ſahiſſem do ſeu poder ; ella lhe obedeceo de tal ſorte , que ainda vendo-ſe reduzida a hũa extrema pobreza, e indigência, e podendo vender aquelles papeis por avultada fomma de dinheiro
- quiz antes provar de conſtante á promeſſa , que fez a ſeu pay, que ſahir das anguſtias da pobreza.
Naõ digo mais, (Chariſſimo Irmaõ) naõ porque me falte que dizer; mas porque me vejo precizada a pôr fim a eſta Carta. Naõ tenho tempo para tratar do terceiro defeito ; por que outros miniſterios próprios da minha peſſoa me levaõ huma grande parte delle. Eu meſma me obrigo, em ſatisfaçaõ, abono, e dezaggravo do meu, ſexo a fazer ſegunda Carta, em que conclua, e exponha , o que agora devia , a qual remeterey a V. C. para que cotejando-as com o ſeu Eſpelho veja que elle, ſe naõ he que fica quebrado, naõ deixa com tudo de ficar aſſáz maculado , e offendido. Fico para ſervir a V. C. &c.
Licenças.
do Santo Officio.
Approvaçaõ do M. R. P. M. Doutor Fr. Joaquim de Santa Anna, Religioſo Pauliſta , Qualificador do Santo Officio & c.
Illustrissimos senhores.
OBedecendo ao preceito de Voſſas Illuſtriſſimas, li as duas Cartas intituladas, digo Apologeticas em defeza das mulheres ; e nellas naõ encontrey couſa alguma , que fe opponha á pureza da noſſa
Santa Fé , ou bons coſtumes ; pelo que as julgo dignas da licença , que ſe pede. Voſſas Illuſtriſſimas mandaraõ o que forem ſervidos. Convento do SS. Sacramento dos Religioſos de S. Paulo. 19 de Fevereiro de 1761.
Fr. Joaquim de Santa Anna.
VIſta a informação, podem-ſe imprimir as duas Cartas, que ſe apreſentaõ , e depois voltarão conferidas para ſe dar licença que corraõ, ſem a qual naõ correrão. Lisbõa 27 de Fevereiro de 1761.
Do Ordinario
Approvaçaõ do M. R. P. M. Fr. Bento Cordozo Religioſo da Ordem dos Pregadores & c.
Excel. e rever. senhor.
A Primeira, e ſsegunda Carta Apologetica que V. Excellencia me manda examinar, naõ contèm couſa, que ſe opponha á pureza da Fé, ou bons coſtumes, antes perſuadem ſer a formoſura hum eſpelho em que reſplandece Deos, e que deve inflãmar aos homens para o louvar, e na perfeiçaõ das ſuas creaturas; pelo que a julgo digna de ſe imprimir. V. Excellencia mandará o que for ſervido. S. Domingos de Lisbõa 2. de Março de 1761.
Fr. Bento Cardozo
VIſsta a informaçaõ póde-ſe imprimir o papel de que ſe trata, e depois torne conferido para ſe dar licença para correr. Lisbõa 3 de Março de 1761.
D. J. A. de Lacedemonia.
Do Pac,o
Approvaçaõ do M. R. Diogo Barboza Machado, Academico da Academia Real & c.
Senhor.
EStas duas Cartas Apologeticas em defenſa das mulheres, naõ contèm couſa alguma, que impida a ſua publicaçaõ. V. Mageſtade ordenará o que for ſervido. Lisbõa 3. de Março de 1761.
Diogo Barboza Machado
QUe ſe poſſaõ imprimir, viſtas as licenças do Santo Officio, e Ordinario, e depois de impreſſas tornaráõ á Menza conferidas, para ſe dar licença que corraõ, ſem a qual naõ correraõ. Lisbõa 4. de Março de 1761.
D. Velho. Caſtello. Siqueira. Fonſeca.