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Rumo ao Brasil


Foi no ano de 1887. A lata velha, o "Campinas", sofria com suas máquinas gastas através das ondas azuis do oceano, e nós nos entediávamos. Na entrecoberta era ainda mais interessante do que no camarote, mas o que podíamos fazer? Não dava para se dedicar o tempo todo a jogos de salão, o Batismo do Equador já havia sido feito, e assim o tédio do camarote propagou-se pela em geral tão alegre entrecoberta. De repente meu irmão Georg me perguntou: "Diga, Bob, não colocamos as luvas de boxe na mala?" Eu respondi positivamente. "Então vamos dar aulas de boxe para o pessoal aqui; vá pegar as coisas!" Dito e feito. As luvas foram encontradas e foi dado um chamado a quem quisesse participar de uma aula de boxe.

Havia em torno de oito alemães e quatro portugueses. O interesse geral foi despertado; e quando a turma do boxe se apresentou, logo se reuniu um círculo de espectadores, os passageiros do camarote também estavam parados, apinhados no parapeito de seu convés superior. As primeiras horas passaram tranquilas, foram treinados somente os assaltos; os golpes e ganchos foram desferidos contra o ar e efetuadas as defesas contra ataques imaginários. No entanto, isso se modificou quando as luvas foram calçadas e os golpes, ao invés de ar, pousaram sobre peitos e narizes. Os alunos faziam caras muito admiradas quando tal golpe acertava em cheio e o júbilo dos espectadores crescia na mesma medida que o divertimento dos participantes diminuía. Depois de alguns dias havia somente quatro participantes, e apesar disso meu irmão e eu realizávamos belas lutas para animar o interesse, mas tivemos pouco sucesso com isso. Por fim, além de nós dois, havia somente um português. O espanto foi geral