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A ESTRELLA DO SUL

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Mas se tal foi o seu desenlace para o joven engenheiro, não havia de ser igual para Matakit.

No dia seguinte, effectivamente, quando se soube que a Estrella do Sul era nem mais nem menos que um diamante natural, que esse diamante tinha sido achado pelo joven cafre, que lhe conhecia perfeitamente o valor, todas as suspeitas contra elle voltaram com mais força. John Watkins poz-se a gritar que não podia deixar de ser Matakit o ladrão da inestimavel pedra! Pois não tinha o cafre confessado que pensára em se apossar d'ella a primeira vez? Logo era evidente que a tinha roubado na sala do festim.

Debalde Cypriano protestou, querendo tornar-se responsavel pela probidade do cafre; não lhe deram ouvidos, o que prova plenamente que Matakit, o qual jurava pela sua completa innocencia, tinha andado mil vezes bem em fugir de Griqualand, e mil vezes mal em voltar para lá.

Mas então o joven engenheiro, que não queria desistir, apresentou um argumento que ninguem esperava, e que na sua idéa devia salvar Matakit.

— Acredito na innocencia do cafre, disse elle a John Watkins, e demais, ainda que elle fosse culpado, ninguem tem nada que ver com isso senão eu! Quer fosse natural quer artificial, o dimante pertencia-me a mim, antes de eu o offerecer á menina Alice.

— Ah! com que então o diamante pertencia-lhe? disse mister Watkins com um modo singularmente chocarreiro.

— Está claro, tornou Cypriano. Pois não foi achado no meu claim por Matakit, que estava ao meu serviço?

— Isso é certo, respondeu o fazendeiro, e por conseguinte é meu exactamente pelas condições do nosso contrato, pois que me devem ser entregues em plena propriedade os tres primeiros diamantes que forem achados na sua concessão.