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para Cypriano, tão abatido como elle, e as lagrimas não lhe estavam longe dos olhos.
De repente o ruido das conversas e o telintar dos copos foi interrompido por tres pancadas sonoras na porta do salão.
— Entre! gritou mister Watkins com a sua voz rouca. Quem quer que seja, chegou em boa occasião, se é que tem sêde!
Abriu-se a porta.
Sobre o limiar appareceu a figura comprida e descarnada de Jacobus Vandergaat.
Todos os convivas olharam uns para os outros, muito espantados com aquella inesperada apparição. Sabiam-se tão bem na terra os motivos da inimizade que separava os dois vizinhos, John Watkins e Jacobus Vandergaart, que em volta da mesa correu um surdo rumor. Todos esperavam alguma cousa grave.
Fizera-se profundo silencio. Todos os olhos estavam fixos no velho lapidario coberto de cãs. Este, em pé, com os braços cruzados, com o chapéu na cabeça, envolvido na comprida sobrecasaca preta dos dias solemnes, parecia o proprio espectro da desforra.
Mister Wastkins sentiu-se possuido por vago receio e intimo tremor. Empallidecia-lhe o rosto por baixo da camada de carmim, que os seus antigos habitos de alcoolismo n'elle tinham fixado.
Não obstante isso, o fazendeiro tentou reagir contra aquelle sentimento inexplicavel, que nem mesmo comprehendia bem.
— Ha já muito tempo, vizinho Vandergaart, disse elle, sendo o primeiro a dirigir a palavra a Jacobus, que não me deu o gosto de o ver em minha casa. Que bom vento o traz por aqui hoje?
— O vento da justiça, vizinho Watkins, respondeu o velho com frieza. Venho dizer-lhe que vae finalmente triumphar e