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– Isso não obsta... darei outra esmola à sua velhinha!

A Pedrosa continuava de mão estendida; e como o padre não a aceitasse logo, ela disse, com a sua costumada vivacidade:

– O sr. padre Assunção desconfia de nós!... não crê, por certo, na sinceridade da nossa simpatia. Tem sempre relutância em aceitar as nossas esmolas!

– Engana-se, minha senhora, engana-se! Não posso recusar o que não é para mim!... Todavia, desculpem-me a teimosia, a pessoa a quem eu destinaria esse dinheiro procurá-las-á amanhã. Posso morrer de um momento para o outro... é bom que conheça as suas benfeitoras...

– Morrer! Quem fala nisso, ainda tão moço!

Ele sorriu com ironia, sem responder.

– Diga-me, que fim levou o nosso amigo Argemiro? Não há quem o veja!... Não sei quem me disse tê-lo visto há dias com a filha... ela ainda mora com a avó?

– Sim, minha senhora...

– Então ele vive sozinho... absolutamente sozinho?...

– Sozinho.

– Que barbaridade!... Aquela ovelha está tresmalhada do seu rebanho... não lhe parece, padre Assunção?

– Ao contrário, Argemiro, consagrando-se à