Página:A Viuva Simões.djvu/163

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A moça teve um gesto de horror e de susto a mãe prosseguiu:

- Escutai para ti ele é um amor que começa, um capricho de criança talvez, que se apagará depressa; e para mim ele é a vida, toda a minha mocidade! Eu era ainda mais nova do que tu e já o amava!

Abandona essa idéia! Tens um futuro tamanho!.. amarás depois outro homem, mais novo, mais belo, mais digno de ti! Eu é que estou no fim... eu e que já não tenho esperança e que morrerei se ele me desprezar!

Sara, com o rosto voltado para fora, não respondia. Ernestina suplicava-lhe:

- Olha para mim! Não imaginas o sacrifício que tenho feito para te esconder este amor! E ele é tão velho em meu coração! Quando eu te gerei, quando te sentia nas minhas entranhas ou que te suspendia no meu seio, ele já palpitava em mim, com o mesmo fogo, com a mesma violência!

Sara voltou os olhos para o retrato do pai e duas lágrimas grossas deslizaram-lhe devagar pelas faces.

Surpreendendo a dolorosa piedade que aquele gesto exprimia, Ernestina murmurou:

- Respeitei sempre teu pai e procurei por todos os modos fazê-lo feliz... Se o meu coração era de outro...

A filha sufocou-lhe a frase tapando-lhe a boca