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A cidade e as serras

— É uma lindeza... E que paz!

Sob a janella vicejava fartamente uma horta, com repolho, feijoal, talhões de alface, gordas folhas de abobora rastejando. Uma eira, velha e mal alisada, dominava o valle, d’onde já subia tenuemente a nevoa d’algum fundo ribeiro. Toda a esquina do casarão d’esse lado se encravava em laranjal. E d’uma fontinha rustica, meio afogada em rosas tremedeiras, corria um longo e rutilante fio d’agua.

— Estou com appetite desesperado d’aquella agoa! declarou Jacintho, muito sério.

— Tambem eu... Desçamos ao quintal, hein? E passamos pela cosinha, a saber do frango.

Voltamos á varanda. O meu Principe, mais conciliado com o destino inclemente, colheu um cravo amarello. E por outra porta baixa, de rigissimas hombreiras, mergulhamos n’uma sala, alastrada de caliça, sem tecto, coberta apenas de grossas vigas, d’onde s’ergueu uma revoada de pardaes.

— Olha para este horror! murmurava Jacintho arripiado.

E descemos por uma lobrega escada de castello, tenteando depois um corredor tenebroso de lages asperas, atravancado por profundas arcas, capazes de guardar todo o grão d’uma provincia. Ao fundo a cozinha, immensa,