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A cidade e as serras
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regada, reverdece, desabrocha e honra a Natureza! Jacintho já não corcovava. Sobre a sua arrefecida pallidez de super-civilisado, o ar montesino, ou vida mais verdadeira, espalhára um rubor trigueiro e quente de sangue renovado que o virilisava soberbamente. Dos olhos, que na Cidade andavam sempre tão crepusculares e desviados do Mundo, saltava agora um brilho de meio-dia, resoluto e largo, contente em se embeber na belleza das coisas. Até o bigode se lhe encrespára. E já não deslisava a mão desencantada sobre a face, — mas batia com ella triumphalmente na côxa. Que sei? Era um Jacintho novissimo. E quasi me assustava, por eu ter de aprender e penetrar, n’este novo Principe, os modos e as idéas novas.

— Caramba, Jacintho, mas então...?

Elle encolheu jovialmente os hombros realargados. E só me soube contar, trilhando soberanamente com os sapatos brancos e cobertos de pó o soalho remendado, que, ao acordar em Tormes, depois de se lavar n’uma dorna, e d’enfiar a minha roupa branca, se sentira de repente como desannuviado, desenvencilhado! Almoçára uma pratada de ovos com chouriço, sublime. Passeára por toda aquella magnificencia da serra com pensamentos ligeiros de liberdade e de paz. Mandára