Página:A cidade e as serras (1901).pdf/273

Wikisource, a biblioteca livre
A cidade e as serras
259

— Sim... Em Paris, quando era pequeno, regava os lilazes. E no verão é um bello serviço! Mas nunca semeei.

E como o Manoel descia da escada, o meu Principe, que nunca acreditára inteiramente — pobre homem! — no meu saber agricola, immediatamente reclamou o parecer d’aquella auctoridade:

— Oh Manoel, ouça lá, o que é que se poderia agora semear?

Como cesto das laranjas enfiado no braço, o Manoel exclamou, atravez d’um lento riso, entre respeitoso e divertido:

— Semear, patrão? Agora é antes colher... Olhe que já se anda a limpar a eirasinha para a debulha, meu patrão.

— Pois sim... Mas sem ser milho nem cevada... Então alli no pomar, rente do muro velho, não se podia plantar uma fila de pecegueiros?

O riso do Manoel crescia.

— Isso sim, meu senhor! Isso é lá para os Santos ou para o Natal. Agora só a couvinha na horta, a beldroega, os espinafres, algum feijãosinho em terra muito fresca...

O meu Principe sacudiu com brando gesto estes legumes rasteiros.

— Bem, boa noite, Manoel. Essas laranjas são da tal laranjeira que diz o Melchior, muito