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A cidade e as serras

não custavam mais que a outros o concerto d’um socalco, — o bom Silverio atirou os longos braços para as coxas gordas, ainda mais desolado:

— Pois por isso mesmo, Snr. Fernandes! Se o Snr. D. Jacintho não tivesse a dinheirama, recuava. Assim, é zás zás, para deante; e eu não o censuro pela ideia. Lograsse eu a renda de S. Ex.a, que me atirava tambem a uma lavoura de capricho. Mas não aqui, Snr. Fernandes, n’estas serranias, entre alcantis. Pois um senhor que possue aquella linda propriedade de Montemór, nos campos do Mondego, onde até podia plantar jardins de desbancar os do Palacio de Crystal do Porto! E a Velleira? O Snr. Fernandes não conhece a Velleira, lá para os lados de Penafiel? Isso é um condado! E uma terra chã, boa terra, toda junta, alli em volta da casa, com uma torre. Um regalo, Snr. Fernandes. Mas sobretudo Montemór! Lá é que eram prados e manadas de vaccas inglezas, e queijeira e horta rica, de fartar, e ahi trinta perús na capoeira...

— Então que quer, Silverio? O Jacintho gosta da serra. E depois este é o solar da familia, e aqui começaram no seculo XIV os Jacinthos...

O pobre Silverio, no seu desespero, esquecia