com um vago telhado, de telha musgosa e negra, um postigo no alto, e a rude porta que servia para o ar, para a luz, para o fumo, e para a gente. E em redor, a Natureza e o Trabalho tinham, através d’annos, accumulado ali trepadeiras e flôres silvestres, e cantinhos d’horta, e sebes cheirosas, e velhos bancos roidos de musgo, e panellas com terra onde crescia salsa, e regueiros cantantes, e videiras enforcadas nos olmos, e sombras e charcos espelhados, que tornavam deliciosa, para uma Ecloga, aquella morada da Fome, da Doença e da Tristeza.
Cautelosamente, com a ponteira do guarda-chuva, Silverio empurrou a porta, chamando:
— Eh! tia Maria... Olá rapariga!
E na fenda entreaberta appareceu uma moça, muito alta, escura e suja, com uns tristes olhos pisados, que se espantaram para nós, serenamente.
— Então como vae a tua mãe? — Abre lá a porta, que estão aqui estes senhores...
Ella abriu, lentamente, e ia murmurando n’uma voz dolente e arrastada mas sem queixume, que um vago, resignado sorriso acompanhava:
— Ora, coitada! como ha de ir? Malzinha... malzinha.
E dentro, n’um gemido que subia como