Página:A cidade e as serras (1901).pdf/56

Wikisource, a biblioteca livre
42
A cidade e as serras

de rôla! De todas, fielmente, como amo que não desdenha nenhum servo, se utilisava o meu Jacintho. E assim, em face ao espelho emmoldurado de folhedos de prata, permanecia este Principe passando pellos sobre o seu pello durante quatorze minutos.

No emtanto o Grillo e outro escudeiro, por traz dos biombos de Kioto, de sedas lavradas, manobravam, com pericia e vigor, os apparelhos do lavatorio — que era apenas um resumo das machinas monumentaes da Sala de Banho, a mais estremada maravilha do 202. N’estes marmores simplificados existiam unicamente dois jactos graduados desde zero até cem; as duas duchas, fina e grossa, para a cabeça; a fonte esterilisada para os dentes; o repuxo borbulhante para a barba; e ainda botões discretos, que, roçados, desencadeavam esguichos, cascatas cantantes, ou um leve orvalho estival. D’esse recanto temeroso, onde delgados tubos mantinham em disciplina e servidão tantas aguas ferventes, tantas aguas violentas, sahia emfim o meu Jacintho enxugando as mãos a uma toalha de felpo, a uma toalha de linho, a outra de corda entrançada para restabelecer a circulação, a outra de sêda frouxa para repolir a pelle. Depois d’este rito derradeiro que lhe arrancava ora um suspiro, ora um bocejo, Jacintho, estendido n’um divan,