—Se me dá licença, eu vou procural-o ao quarto. Desejava falar-lhe, quanto antes, para um negocio de urgencia.
Depois de maïs algumas reflexões, resignaram-se a deixal-o partir.
Augusto transpoz rapidamente os corredores, que o separavam do quarto deHenrique, e bateu á porta d’este.
—Entre quem é—disse de dentro Henrique.
Augusto entrou.
O sobrinho de D. Dorothéa estava sentado junto da janella, lendo uma folha e fumando.
Ao vêr Augusto levantou-se.
A lembrança das scenas d’aquella manhã no Mosteiro, e a expressão de physionomia de Augusto, fizeram-lhe prevêr a indole da entrevista que se ia seguir.
Evitando porém o menor indicio, que pudesse revelar a prevenção em que estava, disse naturalmente, estendendo a mão a Augusto:
—Oh! por aquí! A que devo o prazer d’esta visita?
Em vez de lhe corresponder ao cumprimento, Augusto disse-lhe friamente:
—Assim estende a mão a um miseravel? Ou é tibieza de pundonor, où excesso de magnanimidade!
Henrique retirou logo a mão e respondeu com orgulhoso desdem:
—Nem uma coisa, nem outra; simplesmente o juizo bastante para não me arvorar em superintendente de negocios que me não dizem respeito; é um sentido especial, que se chama delicadeza.
—É um pouco sujeito a adormecer em si esse precioso sentido—replicou Augusto no mesmo tom.—Nem sempre são tão observadas pelo senhor, essas delicadas abstenções, como agora. Sei-o por experiencia.
—Não o são desde que os interessados me or-