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Nunt. Antiquus, Belo Horizonte, v. 16, n. 1, p. 221-270, 2020

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E produziu todo o ardil, fê-lo firme.
Foi astucioso: superiorera seu encantamento puro.

E recitou-o, nas águas o fez repousar,
Sono nele inseminou,dormiu ele em paz,

[65] E fez dormir Apsudo sono nele inseminado.
(Múmmu, o mentor,extenuado atordoava-se.)

Desatou-lhe os tendões,arrebatou-lhe a coroa,
Sua aura tirou,em si revestiu-a,

E encadeou Apsu, matou-o.
[70] (Prendeu Múmmu,sobre ele pôs a tranca.)

Firmou sobre o Apsu sua morada.
(Capturou Múmmu,reteve-lhe a brida.)

Após os malvadosencadear, abater,
Ea ergueu-seem triunfo sobre seus adversários.

[75] No interior de sua residênciaem repouso sossegou,
E denominou-a Apsu,revelou seus santuários,

Naquele lugar sua câmara estabeleceu,
Ea e Dámkina, sua esposa,com grandeza assentaram-se.

COMENTÁRIOS

Versos 1-6: Os primeiros oito versos do poema são considerados por alguns intérpretes uma longa série de orações subordinadas temporais ("quando, no alto, não nomeado era o céu e, embaixo, a terra por nome não era chamada, quando Apsu, o primeiro, progenitor deles, e genetriz Tiámat, procriadora deles todos, suas águas juntos misturavam, quando prado não se formava e junco não se estendia, e quando dos deuses não manifesto era algum, por nome não chamados, os fados não fixados..."), cuja principal se encontraria apenas no verso 9: "então criaram-se deuses em seu seio".

Haubold propõe um entendimento diferente, que é o que adoto, por considerá-lo mais pertinente para o que se lê: a) os versos 1-2