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Um dia talvez possa reviver e encontrar a felicidade.

Jorge refletiu :

— Tem razão, disse ele.

Pouco depois ouviu-se um tiro; os trabalhadores das obras que iam chegando encontraram um cadáver mutilado e a carta de Jorge; ao mesmo tempo o moço e o sr. Almeida ganhavam pelo lado oposto a praia de Santa Luzia.

Passava um bote a pouca distância de terra; o velho acenou-lhe que se aproximasse.

— O acaso nos favorece, disse ao moço; sai amanhã para os Estados Unidos um navio que me foi consignado; é melhor embarcar agora, para não excitar desconfianças; hoje mesmo lhe tirarei um passaporte.

O bote aproximou-se; o embarque nestas paragens é incômodo; mas a situação não admitia que se atendesse a isto.

Eram 9 horas quando o sr. Almeida, tendo deixado Jorge na barca americana e tendo tomado um carro na primeira cocheira, chegou à casa de D. Maria.

A boa senhora recebeu-o com um sorriso; estava sentada na sala próxima ao quarto de sua filha e esperava tranqüilamente que seus filhos acordassem.

O velho, vendo aquela serena felicidade, hesitou; não teve ânimo de enlutar esse coração de mãe.

Nisto a porta do quarto abriu-se e Carolina, branca como a cambraia que vestia, apareceu na porta, tendo na mão a carta de Jorge.

A mãe soltou um grito; a filha não podia falar; e assim passou um momento de tortura, em que uma dessas dores procurava debalde adivinhar a desgraça