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e a outra se esforçava por achar uma palavra que a revelasse.

No dia seguinte, Jorge partia para os Estados Unidos e Carolina trocava, suas vestes de noiva por esse vestido preto que nunca mais deixou.

Seria longo descrever a vida desse moço, morto para o mundo e existindo, contudo, para sofrer; durante cinco anos, alimentou-se de recordações e de uma esperança que lhe dava forças e coragem para lutar.

O amor de Carolina, talvez mais do que o sentimento da honra, o animava; trabalhou com uma constância e um ardor infatigáveis e ganhou para pagar todas as dívidas de seu pai.

Logo que se achou possuidor de uma soma avultada, Jorge preferiu vir acabar a sua expiação no seu país, onde ao menos se sentiria perto daqueles que amava.

De fato chegou ao Rio de Janeiro com o nome de Carlos Freeland; dava-se por estrangeiro; alguns, porém, julgavam que nascera no Brasil e que aí vivera muito tempo mas não se recordavam de o ter visto. A desgraça tinha mudado completamente a sua fisionomia; do moço tinha feito um homem grave; além disso, a barba crescida ocultava a beleza dos seus traços.

O seu primeiro cuidado foi procurar o sr Almeida e pedir-lhe que o auxiliasse no resgate das letras, que devia ser feito de modo que ninguém o suspeitasse. O que fez o velho negociante, já o sabe.

Como disse, Jorge ocultava sua vida de todos e do próprio velho; sofria corajosamente a miséria a que se condenara, mas não queria que ela tivesse uma testemunha.

O sr. Almeida, porém, surpreendera o segredo.