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— Retirem-se, desavergonhados, que não se pisa a soleira desta casa, sem nossa vênia!

— Vênia? Nós do povo lha escusamos.

— Avie com isso, meirinho!

Impelido pelo arrojo do popular, o meirinho desenrolou o mandado:

— Com o presente mandado de captura, requeiro a Vossa Reverendíssima, Sr. Dr. Manuel de Sousa Almada, que entregue à prisão os seus fâmulos, Cláudio de Sousa...

— Insolente, bradou o padre, cuja cólera fez explosão. Desafio-te e a essa canalha, que transponham o batente desta porta. Aquele que o fizer será maldito; em nome de Deus o excomungo, e o teto desta casa se abata sobre os ímpios que a profanarem.

Ante essa execração, feita com gesto solene e voz retumbante, a multidão recuou pávida; mas ali estavam os estudantes para meterem o padre a ridículo, desarmando-o assim do prestígio que devia exercer no espírito daquela gente.

Rapazes, em lhes dando para rir, não respeitam as cousas mais sagradas; assim que soltaram os garotos um chorrilho de impropérios:

— Como grunhe o cevado! gritou um brejeiro, aludindo ao painel.