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o nome de Maria da Glória que tinha a escuna, pelo de Maria dos Prazeres que ela trouxera da pia, e tão próprio lhe saíra.

Com o espírito anuviado pelos vapores do vinho, não teve Antônio de Caminha força, nem vontade de resistir ao requebro d'olhos que lançou-lhe a dama.

Bruno, o velho Bruno, indignou-se quando soube disso, que para ele era uma profanação. À sua voz severa, os marujos sentiram-se abalados; mas o capitão afogou-lhes os escrúpulos em novas libações. Essas almas rudes e viris, já o vício as tinha enervado.

Naquela mesma tarde consumou-se a profanação. A escuna recebeu o nome da cortesã; e o velho, da amurada onde assistira à cerimônia, arrojou-se ao mar, lançando ao navio esta praga:

— A Senhora da Glória te castigue, e àqueles que te fizeram alcouce de barregãs.