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Rio, 3 de dezembro

Um dos mais belos traços que apresenta a história da humanidade é o culto respeitoso que votam os grandes povos aos grandes dias de sua pátria. A influência misteriosa que exerce o passado sobre o futuro tem o que quer que seja de grande e de sublime.

Há um sentimento nobre nessa força irresistível que de ano a ano, de século a século, num momento determinado, obriga as gerações que se vão sucedendo a irem por sua vez depositar no livro dos fatos nacionais o testemunho de uma justa veneração pelas suas antigas tradições, renovando, com o exemplo, a fé e a crença nas instituições do país.

As datas memoráveis figuram na vida das nações como esses marcos que se colocam à beira do caminho para designar o espaço percorrido, e ao pé dos quais o viandante vem descansar, refazendo-se das fadigas e cobrando novas forças para continuar a jornada.

Assim, quando o historiador, elevando-se pelo pensamento acima das condições materiais da existência humana, lança os olhos sobre o quadro da humanidade, pode ver cada povo, cada nação, percorrendo seu caminho através dos séculos, como o indivíduo que transpõe dia por dia o curto espaço da vida.