— Foge de mim!
Esta palavra caíra n'alma de Cristóvão como uma gota corrosiva; e estava desde então a gastar-lhe a alma.
A cisma do mancebo fora perturbada pelo passo rápido e forte que soou à porta; o vulto, que ali apareceu, pronunciou seu nome, mas com a voz tão agitada que não pôde ele no primeiro instante reconhecê-la:
— Cristóvão? Estais aí, amigo?
— Quem me chama?
A pessoa, que era, avançou pronto. Cristóvão então a reconheceu perfeitamente.
— Ah! sois vós, Estácio?
— Careço de falar-vos sem detença, Cristóvão. Uma desgraça acabo de sofrer, que me rouba toda a esperança. Sim, amigo, a justa reparação à memória de meu pai e à felicidade de meu amor, as duas coisas que juntas à vossa amizade faziam a vida para mim, perdi-as. O objeto de que ambas dependiam foi-me roubado por gente infame!...
— Que objeto era esse, Estácio?...
— A ocasião de revelar-vos esse segredo de minha família não se tinha ainda apresentado, Cristóvão; o roteiro das minas de prata, que meu avô descobriu, não era uma fábula como se pensou.