Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/119

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Lucas tinha achado a solução do seu problema. Foi isso no dia de Ano-Bom. Enviando-o Dulce com o recado à casa de Vaz Caminha, o negro aproveitou o ensejo, para de passagem, advertir o taberneiro da descoberta. Estavam os dois na adega, concluindo a trama, quando felizmente aparecera o advogado, a quem o negro não conhecia, mas ouviu nomear pelo Brás. Assim foi que o seguiu a distância ao sair da taberna e entregou-lhe a missiva da senhora.

Do mais que seguiu já se deu notícia. Lucas aguardava o resultado com a calma de sua bruta consciência; desaparecido o ouro, esperava ele que a senhora, pobre, viria a ser feliz, e o faria a ele contente, empregando-o em seu serviço. Se alguma leve inquietação o assaltava por vezes, era somente a respeito da tranquilidade e sossego da dona durante a empresa; e por isso estava ele sempre alerta fiscalizando o trabalho subterrâneo dos malfeitores.

Tinha, pois, razão de sobra D. Dulce para se admirar da revelação de Vaz Caminha. Não sabia a senhora do que mais duvidar: se da possibilidade de penetrar uma trama tão bem urdida naquele cérebro rijo; se da contradição de tão