Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/17

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cidade subterrânea, toda vazada em prata. Templos soberbos, palácios suntuosos, torres elegantes, ali se sucediam uns aos outros. Quanto tem de mais sublime e gracioso a arquitetura gótica, oriental ou grega, as ogivas rendadas, os arabescos delicados, as colunas elegantes, fora ali excedido pela mão da natureza. O divino artista criara todas essas maravilhas com a simples gota d’água que transudava dentre o interstício do rochedo.

O rio passava por cima da imensa gruta. As filtrações de suas águas tinham produzido aquelas formosas estalactites, de tão bizarros desenhos. O rumor da torrente ressoava harmoniosamente pelas vastas abóbadas. Entre as fendas do rochedo via-se a límpida veia, e através coava a luz que cintilava aljofrando as brilhantes cristalizações.

Vampiros e animais carniceiros povoavam o domínio subterrâneo. O velho pajé assentou entre eles sua jazida; talvez careceu de recorrer alguma noite à força do braço possante para firmar o seu direito de ocupante; mas afinal conquistou a paz. Seus vizinhos aprenderam a respeitá-lo, e alguns pagavam o tributo à suserania do homem, que muitas