Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/72

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— Falai, senhor cavalheiro; falai que vos escuto.

— D. Francisco de Aguilar, vosso pai, senhora, recusou-me há três dias vossa mão, declarando-me que jamais consentiria em nossa união. Vim a saber se confirmais esta sentença cruel; ou se achais em vós a força para resistir-lhe.

— Tendes a minha fé, e que nenhum outro a terá jamais, eu vo-lo juro, aqui, à face do céu. Mas, sem o aprazimento de quem me deu o ser, nunca, senhor, nunca serei vossa... esposa.

O rosto de Estácio cobriu-se de mortal lividez:

— Eu sabia, senhora, que outra não podia ser vossa palavra; mas queria que ela passasse pelos vossos lábios, para acabar-me docemente. Adeus pois, senhora, até o céu, que o martírio de perder-vos me deve ganhar em recompensa.

O alúvio de lágrimas, que soçobrava à palavra do seio da donzela, brotou enfim dos olhos magoados. Inês abaixou a fronte como um nenúfar cheio de orvalho, e deixou que o pranto lhe rociasse as faces.

Estácio ouviu um murmúrio entre os soluços e aproximou-se mais; ela dizia:

— Sou mulher e filha; e pois sem forças, nem