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Vagam sombras gentis de mortas, vagam
Em grandes procissões, em grandes alas,
Dentre as auréolas, os clarões que alagam,
Opulencias de pérolas e opalas.

E a Lua vae chlorótica fulgindo
Nos seus alpérces ethereaes e brancos,
A luz gelada e pallida diluindo
Das serranias pelos largos flancos...

O’ Lua das magnolias e dos lyrios!
Geleira sideral entre as geleiras!
Tens a tristeza mórbida dos cyrios
E a lividez da chamma daa poncheiras!

Quando resúrges, quando brilhas e amas,
Quando de luzes a amplidão constéllas,
Com os fulgôres glaciaes que tu derramas
Dás febre e frio, dás nevrôse, gélas...

A tua dôr crystallisou-se ontr’ora
Na dôr profunda mais dilacerada
E das dôres estranhas, ó Astro, agora,
És a suprema Dôr crystalisada!...