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XXI

"Depois (disse o monarca) que informado
De meus ministros tenho a história ouvido,
Como foste das ondas agitado,
Como da gente bárbara temido,
Sabendo que os sertões tens visitado,
E o centro do Brasil reconhecido,
Quero das terras, dos viventes, plantas,
Que a história contes de províncias tantas."

XXII

"Mandas-me, rei augusto, que te exponha
(Diz cheio de respeito o herói prudente),
E aos olhos teus em um compêndio ponha
A história natural da oculta gente;
Se esperas de mim, Sire, que componha
Exata narração de cópia ingente,
Empresa tanta é, quando obedeça,
Que faz que o tempo falte e a voz faleça.

XXIII

Mil e cinqüenta e seis léguas de costa,
De vales e arvoredos revestida,
Tem a terra brasílica composta
De montes de grandeza desmedida.
Os Guararapes Borborema posta
Sobre as nuvens na cima recrescida,
A serra de Aimorés, que ao pólo é raia,
As de Ibo-ti-catu e Itatiaia.