Página:Caramuru 1781.djvu/212

Wikisource, a biblioteca livre
XXXIII

De ervas medicinais cópia tão rara
Tem no mato o Brasil e na campina,
Que quem toda a virtude lhe explorara
Por demais recorrera a Medicina.
Nasce a gelapa ali, a sene amara,
O filopódio, a malva, o pau da China,
A caroba, a capeba, e mil que agora
Conhece a bruta gente e a nossa ignora.

XXXIV

Tem mimosos legumes, que não cedem
Aos que usamos na Europa mais presados:
Gingibre, gergelim, que os mais excedem,
Mendubim, mangaló, que usam guisados;
Alguns medicinais, com que despedem
Do peito estilicídios radicados;
Tem o cará, o inhame, e em cópia grata
Mangarás, mangaritos e batata.

XXXV

Das flores naturais pelo ar brilhante
É com causa entre as mais rainha a rosa,
Branca saindo a aurora rutilante,
E ao meio-dia tinta em cor lustrosa;
Porém, crescendo a chama rutilante,
É purpúrea de tarde a cor formosa;
Maravilha que a Clície competira,
Vendo que muda a cor, quando o sol gira.