Página:Caramuru 1781.djvu/59

Wikisource, a biblioteca livre


XXXIII

Quando Gupeva, manso e diferente
Do que antes fora na fereza bruta,
Convoca a ouvi-lo a multidão fremente,
Que à roda estava da profunda gruta.
Pasto no meio da confusa gente,
Que toda dele pende e atenta escuta:
"Valentes paiaiás (diz desta sorte)
Que herdais o brio da prosápia forte:

XXXIV

Se ontem, do vil Sergipe surprendidos,
Vimos o grão-terreiro posto a saco,
Fomos cercados sim, mas não vencidos;
Não foi vitória, foi traição de um fraco;
Sabia bem por golpes repetidos,
Com quanto esforço na peleja ataco
E como sem traição faria nada,
Não tendo eu armas, vêm com mão armada.

XXXV

Sombra do grão-Tatu, de quem me ferve
Nestas veias o sangue, de quem trago
A invicta geração, que em guerra serve
De espanto a todos, de terror, de estrago;
Por que a glória a teu nome se conserve
E por que a cante da Bahia o lago,
Mandas de lá de donde o mundo acaba
Para o nosso socorro este Imboaba.