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XLII

Até que de Gupeva comandada,
Em círculo se forma a linha unido,
Onde quanto há de caça já espantada
Fique no meio de um cordão cingido.
A rês ali, do estrondo amedrontada,
Num centro está de espaço reduzido;
À mão mesmo se colhe: coisa bela!
Que dá mais gosto ver, do que comê-la.

XLIII

Não era assim nas aves fugitivas,
Que umas frechava no ar, e outras em laços
Com arte o caçador tomava vivas;
Uma, porém, nos líquidos espaços
Faz com a pluma as setas pouco ativas,
Deixando a lisa pena os golpes laços,
Toma-a de mira Diogo e o ponto aguarda:
Dá-lhe um tiro e derriba-a coa espingarda.

XLIV

Estando a turba longe de cuidá-lo,
Fica o bárbaro ao golpe estremecido,
E cai por terra no tremendo abalo
Da chama do fracasso e do estampido;
Qual do hórrido trovão com raio e estalo
Algum junto aquém cai, fica aturdido,
Tal Gupeva ficou, crendo formada
Nu arcabuz de Diogo uma trovoada.