Página:Caramuru 1781.djvu/63

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XLV

Toda em terra prostrada, exclama a grita
A turba rude em mísero desmaio,
E faz o horror que estúpida repita
Tupá Caramuru! temendo um raio.
Pretendem ter por Deus, quando o permita
O que estão vendo em pavoroso ensaio,
Entre horríveis trovões do márcio jogo,
Vomitar chamas a abrasar com fogo.

XLVI

Desde esse dia, é fama que por nome
Do grão Caramuru foi celebrado
O forte Diogo; e que escutado dome
Este apelido o bárbaro espantado.
Indicava o Brasil no sobrenome,
Que era um dragão dos mares vomitado:
Nem doutra arte entre nós a antiga idade
Tem Jove, Apolo e Marte por deidade.

XLVII

Foram qual hoje o rude Americano,
O valente romano, o sábio argivo;
Nem foi de Salmoneu mais torpe o engano,
Do que outro rei fizera em Creta altivo.
Nós que zombamos deste povo insano,
Se bem cavarmos no solar nativo,
Dos antigos heróis dentro às imagens
Não acharemos mais que outros selvagens.