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O NOVO E O VELHO
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Rosa, porém, mostrou-se, nobremente,
Esposa fiel aos conjugaes deveres,
Não se deixando seduzir de prompto
Por ignobeis prazeres,
E o seductor á seducção fez ponto.

Elle era um cidadão desoccupado,
Um tal Solano. Tendo, aliás, chegado
Aos trinta e cinco, inda vivia ás sopas
De uma velha abastada, sua tia,
E de nada entendia
A não ser de mulheres e de roupas.

Mas, por desgraça, tinha um primo Rosa,
Da sua idade pouco mais ou menos...
Brincaram juntos quando eram pequenos,
Na estação descuidosa,
Em que tudo são flôres
E o riso é um privilegio.

Ainda estava o primo no collegio,
Mas, desde que podia
Um momento furtar, logo corria
Para casa da prima, a visital-a.

Ambos elles sentados
No canapé da sala,
Dedos entrelaçados,
O olhar saudoso fito
No vago, no infinito,
Suspiravam lembranças
Das suas travessuras innocentes.

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