Página:Dentro da noite.djvu/56

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a ver se víamos o trabalho da lancha no negror da noite.

Oh! era demais! Havia oito dias mastigáramos a meia ração de feijão preto sem toucinho. O patriotismo, a indignação pelos descalabros do governo caíam intimamente num relaxamento lamentável. O desejo único era deixar a baía, era acabar com aquilo, era tirar dos ombros aquela mão de ferro das situações insolúveis em que só complicavam as traições dos ingleses, as intimativas americanas e a falência das nossas vitórias. E na treva da noite sem estrelas todas as cóleras se fundiam no ser que os nossos iam apanhar, como se fosse ele a causa do ror de desastres havidos.

— É verdade, indagou um médico, em terra o exemplo da bondade, que castigo havemos de dar ao canalha?

— É boa, passamo-lo pelas armas!

Era um exemplo, mas seria pouco para o infame. Só se o fizéssemos mira de um tiro ao alvo geral. Todos nós atiraríamos.

— E ele só sentiria uma vez! O comandante, qual será o castigo do patife?

O comandante era um cavalheiro elegante e fino. Voltou-se a sorrir:

— Conforme. Na carta que mo denunciou dizem-no estrangeiro. Que seja. É impossível justiça-lo. Se for brasileiro, porém, passamo-lo pelas armas.

Ah! íamos ter urna noite interessante e divertida