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736 DOM JOAO VI NO BRAZIL

numero militates analphabetos de boas casas que se pejavam de mandar sens filhos receberem em Coimbra graus aca- demicos e ganharem uns vislumbres de illustrate.

Hippolyto, si nao foi propriamente venal, no sentido de por em almoeda a sua penna de pamphletario, nao foi toda- via incorruptivel, pois que se prestava a moderar seus ar- rancos de linguagem a troco de considerac,6es, de distinc- c.6es e mesmo de patrocinio official. "Eu tenho-o contido em parte ate qui com a esperanga da subscrigao que pede, es- crevia para o Rio o embaixador D. Domingos de Souza Cou- tinho ( i ) . Eu nao sei outro modo de o f azer calar. Pago o jornal pode-se dictar. . . O Redactor tem igual talento para o bem e para o mal; e se o livro se fizer de todo inocente, pode-se fazer util e destribuil-o. Em todo o case eu dezen- carrego a minha consciencia para o futuro. Disputar he es- cuzado n este Paiz- -ja se vio o que Jose Anselmo queria fazer atacando-o. As respostas que sahem em Lisboa, sao peiores que a molestia. S. A. R. rezolvera o que for mais do seu Servigo."

Hippolyto incontestavelmente tinha coragem, era do- tado de liberalismo, langava vistas sadias e adiantadas sobre a administra^ao publica portugueza; mas o seu odio ao em- baixador e os seus ataques virulentos contra os Souzas (Li- nhares, Funchal e o Principal Souza, membro do Conselho de Regencia do Reino) eram filhos mais do despeito que da sinceridade. Elle nao fizera entretanto da opposigao uma mercancia, isto e, descobrira que o melhor meio de ganhar dinheiro, de bem espalhar o seu periodico, fosse o aggredir

��(1) Officio de 14 de Abril de 1810, no Arch, do Min. das Rel. Ext.

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