Página:Dom João VI no Brazil, vol 2.djvu/239

Wikisource, a biblioteca livre

DOM JOAO VI NO BRAZIL 803

Quarido a Perle singrou, a 8 de Abril, os escravos, armados no comego, tinham restituido as armas e retomado sua canga. "O novo governo ate me concedeu trez marinhei- ros portuguezes em substituigao dos meus trez homens de tripolacao mortos no tumulto do primeiro dia, testemu- nhando seu vivo pezar pela calamidade que me assaltara."

E mesmo possivel que a situagao houvesse melhorado, sob o ponto de vista da seguranga e do direito, depois da insurreigao, pois nao pode restar duvida de que a provincia se achava, antes, n uma condigao quasi anarchica, existindo para a sublevagao, ainda considerada objectivamente, causa mais do que sufficiente. Quando encerrasse exaggeragao o quadro publicado no Correio Braziliense ( I ) por um a tcs- temunha ocular, confirma-se nos seus dizeres a impressao de quao aleatoria era a seguranga individual; quao relaxado o governo; quao venal a justiga; quao deshonesta a adminis- tragao, tan to na Junta de Fazenda, por onde corriam do- cumentos falsificados, como na Alfandega, onde florescia publico e notorio o contrabando, chegando a desfagatez ao ponto de possuirem officiaes d ella lojas de fazendas, como na Intendencia de Marinha, ninho de falcatruas.

Remettendo para a Franga o Preciso de Jose Luiz de Mendonga, penhor do seu republicanismo violentado, o ca- pitao da Perle achava-o razoavel, enumerando as queixas que havia da corte, a comegar pela aggravagao das contri- buigoes.

O governador, todos concordavam e a testemunha ocular do Correio o proclamava, era o unico talvez dos altos funccionarios limpo de mdos; mas si a sua indiffe-

��(1) N. 100 de Junlio de 1817, vol. XTIII.

�� �