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Os Doentes

 

I

Como uma cascavel que se enroscava,
A cidade dos lázaros dormia.
Somente, na metropole vasia,
Minha cabeça autónoma pensava!

Mordia-me a obsessão má de que havia,
Sob os meus pés, na terra onde eu pizava,
Um figado doente que sangrava
E uma garganta de orphã que gemia!

Tentava comprehender com as conceptivas
Funcções do encephalo as substancias vivas
Que nem Spencer, nem Hœckel comprehenderam...

E via em mim, coberto de desgraças,
O resultado de billiões de raças
Que ha muitos annos desappareceram!