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Jonathas Serrano

ver o que se pensa do valor prático e da significação real das doutrinas filosóficas.

Filósofos... Num mundo de movimento febricitante, de crescente dinamismo, de silvos e de rangidos, de guinchos e de explosões, de treinos e de testes, de campeonatos e de records — que logar e que tempo ainda podem porventura sobrar para a meditação e para o exame dos graves problemas metafísicos?

E é, apesar de tudo, e por mais paradoxal que se afigure, o nome de um estudioso desses problemas o que ora aqui nos congrega, nesta hora de elevação espiritual[1]. O nome daquele que é considerado por excelência o filósofo brasileiro.

Antes de recordar convosco a sua vida de homem de pensamento, não posso deixar de redizer, qual homenagem inicial, estas palavras suas, escritas em 1909, já agora confirmadas em relação ao seu próprio caso, palavras que dão logo a feição mais característica do seu alto e nobre espírito:

“Não há injúria, por mais violenta e brutal, que possa matar o que está destinado a viver, nas mesmas condições que não há elogio que possa dar vida ao que está morto, ou sequer dar aparência

de mérito ao que é nulo. Pode, é certo, a mentira


  1. Conferência realizada pelo autor dêste volume a 23 de Novembro do 1937, no salão do Instituto de Música do Rio de Janeiro, na Série dos Grandes Mortos, promovida pelo Ministério da Educação.