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MAXIMILANO EM PORTUGAL
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tem perseguido com cega obstinação esta soberana desde a sua primeira mocidade. Ao tempo da minha viagem a Lisboa, a imperatriz vivia em Bemfico (masculinisação de Bemfica) com sua amavel filha, princeza distincta, peregrinamente prendada, e que a morte não tardou a arrebatar. Bemfico é uma deliciosa quinta, onde recebi o mais cordeal e o mais digno acolhimento de uma boa parenta.»

Maximiliano revela, em todas as suas apreciações, uma refinada intransigencia tudesca. Ora é sabido que a imperatriz Amelia era bávara, e é justamente a esta princeza que o archiduque elogia sem restricções. Não podendo deixar de reconhecer as virtudes domesticas da rainha D. Maria II, não se abstem comtudo de fazer esvoaçar sobre o seu retrato a sombra de mais de um epigramma. Nem mesmo lhe perdoou o ser nutrida, e chega a dizer que a rainha convidava sempre para os jantares de gala a duqueza de Palmella, que, por ser igualmente nutrida, servia para lhe fazer contrapeso.

Maximiliano assistiu com a rainha a uma tourada. Os principes não foram, mas as infantas, duas creanças encantadoras, acompanharam sua mãi.

O archiduque, a respeito das touradas portuguezas, dá inteira razão á propaganda que contra ellas tem feito no parlamento o snr. Carlos Testa.

Não as considera um combate cavalheiresco como na Hespanha. Chama a este divertimento, tal como ainda hoje o temos, um brinquedo ignobil e despiciendo; uma mascarada, uma jonglerie. Acha cobar-