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Página:Historias de Reis e Principes.djvu/191

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HISTORIAS DE REIS E PRINCIPES

que glosava a observação da condessa ironisando-a: «Queria talvez que eu escrevesse livros!»

Maximiliano teve occasião de assistir á festa do Coração de Jesus na basilica da Estrella.

«A rainha entrou na igreja ladeada pelo rei-esposo e pelo Deus ex-machina (o marechal Saldanha), os quaes exhibiam, sobre os seus respectivos uniformes, uma mantilha de rendas: é, nas ceremonias de apparato, a bizarra insignia dos gran-cruzes portuguezes. D. Maria collocou-se sob o docel, entre estes dois personagens, e assistiu de pé ao santo sacrificio da missa. S*** (Saldanha) que, além das suas funcções officiaes parece desempenhar tambem o papel de bobo da côrte, dizia infinitas jovialidades á rainha. Que effeito produziria no povo este mau exemplo! D'onde virão a obediencia e o respeito para com a magestade terrena, se ella propria se não souber curvar perante a magestade divina!»

É textual. Apesar de parente da rainha, o archiduque não lhe poupa este epigramma publico. Maximiliano ficou tão indignado, que chamou bobo ao marechal por estar fazendo espirito na igreja da Estrella. Nós, os portuguezes, não somos certamente o povo que mais compostamente assiste aos actos religiosos. Mas no seculo XVII ainda era peor. Foi preciso tomar medidas repressivas contra as liberdades que se praticavam nos templos.

«A mais encantadora e seguramente a mais espirituosa pessoa da côrte é a imperatriz viuva Amelia, segunda esposa de D. Pedro. Um cruel destino