Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/144

Wikisource, a biblioteca livre
- 124 -

maracujá, a flor da lembrança, o entrelaçou na haste da seta, e partiu alfim seguido por Poty.

Breve desapparecerão os dois guerreiros entre as arvores. O calor do sol já tinha secado seus passos na beira do lago. Iracema inquieta veio pela varzea, seguindo o rastro do esposo até o taboleiro. As sombras doces vestiam os campos quando ella chegou á beira do lago.

Seus olhos virão a seta do esposo fincada no chão, o goiamum trespassado, o ramo partido, e encherão-se de pranto.

— Elle manda que Iracema ande para traz, como o goiamum, e guarde sua lembrança, como o maracujá guarda sua flor todo o tempo até morrer.

A filha dos Tabajaras retraio os passos lentamente, sem volver o corpo, nem tirar os olhos da seta de seu esposo, e tornou a cabana. Ahi sentada á soleira, com a fronte nos joelhos esperou, até que o somno acalentou a dôr em seu peito.

Apenas alvorou o dia, ella moveu o passo rapido para a lagoa, e chegou a margem. A flexa la estava como na vespera: o esposo não tinha voltado.