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Iracema não quiz offender o guerreiro branco; porisso fallando dos Pytiguaras, não lhes recusou o nome guerreiro que elles havião tomado para si.

O estrangeiro reteve por um instante a palavra no labio prudente, enquanto reflectia:

— O canto da gaivota é o grito de guerra do valente Poty, amigo de teu hospede!

A virgem estremeceu por seus irmãos. A fama do bravo Poty, irmão de Jacaúna, subio das ribeiras do mar as alturas da serra; rara é a cabana onde já não rugio contra elle o grito da vingança, porque em quasi todas o golpe do seu valido tacape deitou um guerreiro tabajara em seu camocim.

Iracema cuidou que Poty vinha á frente de seus guerreiros para livrar o amigo. Era elle sem dúvida que fizera retroar o buzio das praias, no momento do combate. Foi com um tom misturado de doçura e tristeza que replicou:

— O estrangeiro está salvo; os irmãos de Iracema vão morrer, porque ella não falará.

— Saia essa tristeza de tua alma. O estrangeiro partindo-se de teus campos, virgem tabajara, não