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guerreiro, que a chamma do fogo projectava na vetusta parede da cabana.

O cão felpudo, deitado no borralho, deu sinal de que aproximava gente amiga. A porta entretecida dos talos da carnaúba foi aberta por fóra. Cauby entrou.

— O cauim perturbou o espirito dos guerreiros; elles vem contra o estrangeiro.

A virgem ergueu-se de um impeto:

— Levanta a pedra que fecha a garganta de Tupan, para que ela esconda o estrangeiro.

O guerreiro tabajara, sopesando a laje enorme, emborcou-a no chão.

— Filho de Araken, deita na porta da cabana, e mais nunca te levantes da terra, si um guerreiro passar por cima de teu corpo.

Cauby obedeceu; a virgem cerrou a porta.

Decorreu breve tracto. Resoa perto o estrupido dos guerreiros; travão-se as vozes iradas de Irapuam e Cauby.

— Elles vêm; mas Tupan salvará seu hospede.

Nesse instante, como si o Deus do Trovão ouvisse as palavras de sua virgem, o antro mudo em princípio retroou surdamente.

— Ouve! E' a voz de Tupan.