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O meu captiveiro entre

tão á roda delles, impondo-lhe as mãos de modo a convencel-os de que os estava curando.

Deus não quiz que tal succedesse; logo depois morreu uma creança; em seguida a mãe de Nhaepepô e mais uma velha, que se incumbira de fabricar os potes de barro necessarios ao fabrico do cauim destinado á minha “festa”.

Não ficou ahi a hecatombe; alguns dias mais tarde falleceu outra creança e por fim o irmão que primeiro viera de Mambucaba com a noticia da desgraça.

Nhaepepô cahiu em grande tristeza deante daquelle destroço da sua familia e receiando ir-se tambem com o resto, pediu-me de novo que intercedesse pela sua vida perante meu Deus. Consolei-o como pude e affirmei que nada soffreria elle, caso desistisse de me devorar depois de curado.

O morubichaba concordou e prometteu poupar-me, prohibindo aos demais da cabana que me maltratassem ou me ameaçassem de morte.

Continuou doente por algum tempo ainda; por fim sararam, elle e uma de suas mulheres. Havia perdido oito pessoas das suas relações, todas muito más para commigo.

O morubichaba de outra cabana, Guaratinga-açú, sonhara que eu lhe tinha apparecido em sonhos di-