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O meu captiveiro entre

dia seguinte fizesse bom tempo. Mas a tempestade continuou, e foi resolvido seguirmos viagem por terra, voltando elles a buscar as canôas quando o mar o permittisse.

Antes de partirmos o menino acabou de roer a carne, deitando fóra o osso, e como logo depois o tempo concertasse, disse-lhes eu:

— Vêem? Meu Deus mostrava-se zangado por estar o menino a comer aquella carne.

— Sim, concordaram os indios. Se o menino tivesse comido a carne de modo que tu não visses, o tempo não teria arruinado.

Ao chegar á taba Alkindar me disse:

— Viu como costumamos tratar os nossos inimigos?

— Que os matem, vá, respondi; mas acho horroroso que os devorem.

— Sim, retrucou elle; é nosso costume e do mesmo modo tambem procedemos com os portuguezes.

Este Alkindar me era muito adverso, e apesar de ter cedido a seu tio a parte que tinha em mim, só não me matava porque Nhaepepô o impedia, receioso de alguma desgraça.

Mas succedeu que logo depois de voltarmos Alkindar foi atacado de uma doença dos olhos, que