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O meu captiveiro entre

rem-se á Bertioga pelas immediações do local onde me capturaram; ahi esconder-se-iam nas mattas vizinhas e aprisionariam a quantos pudessem.

Partimos a 14 de Agosto de 1554, mez em que um peixe, chamado pelos portuguezes tainha e pelos da terra parati sobe do mar para agua doce, afim de desovar. Os selvagens chamam a isso piracema. Tanto os tupinambás como os tupiniquins costumam sahir á guerra por este tempo, pois a apanha do peixe lhes permitte alimentarem-se durante a expedição.

Eu contava que tambem os tupiniquins já estivessem em marcha, pois soubera pelo navio portuguez que andavam elles em aprestos.

Durante a viagem os indios perguntaram-me varías vezes o que eu pensava da expedição e se esperava que fossem felizes.

Está claro que respondi affirmativamente; do contrario encolerizar-se-iam commigo. Tambem lhes predisse que os inimigos tupiniquins viriam ao nosso encontro.

Uma noite de muito vento apanhamos numa praia, que tambem se chamava Ubatuba, grande quantidade de tainhas. Ahi os indios conversaram commigo longamente, indagando de muita coisa. Em certo momento referi-me ao vento e disse-lhes: