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os selvagens do Brasil
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— Este vento passa sobre muitos mortos!

Havia no mar uma outra porção de selvagens, descidos do rio Parahyba.

— Sim, responderam; estes que alli estão atacaram os inimigos em terra e muitos pereceram.

Mais tarde verifiquei que assim havia succedido.

Chegados a um dia de viagem do porto a attingir, arrancharam-se os indios numa ilha que os portuguezes chamam de S. Sebastião e os da terra Maembipe. A' noite Cunhambebe appareceu no acampamento e falou que eram chegados ás fronteiras do inimigo, e que, portanto, todos procurassem ter sonhos felizes e conserval-os na memoria para se guiarem.

Concluida a fala, os selvagens puzeram-se a dançar em honra dos seus maracás até tarde da noite. Depois foram dormir.

Quando meu dono, Ipirú-guaçú, deitou-se, não esqueceu de recommendar-me que tivesse bons sonhos.

Respondi que não me importava com os sonhos, pois eram sempre falsos.

Então, disse elle, pede a teu deus que aprisionemos muitos inimigos.